Ela era assim. Menina de pele branca lisinha e cabelos negros, tímida, sempre de olhos baixos. Nascida e criada no interior mineiro. Vestido de babado. Sapato de boneca.
Aos 16 anos, apaixonada por um vizinho, resolveu casar. O pai se enfureceu, a mãe chorou, mas não teve remédio. O casório foi na igreja, com véu e grinalda, quase toda a cidade presente.
Os dois se mudaram para uma casa com cerca branca de madeira, jardim florido, janelas que se abriam para a rua e deixavam a brisa entrar. Até cachorro arrumaram, pra completar o cenário.
Seis meses se passaram. Num sábado, enquanto ela preparava o almoço, ele saiu de motocicleta para buscar ração logo ali pertinho. Andou dois quarteirões. Foi pego por um caminhão.
Taís virou mulher, foi dona de casa e enviuvou – tudo em menos de ano, aos 16 anos de idade.
Mudou de cidade, completou os estudos, trabalhou pesado, casou novamente. Resolveu trocar de carreira, fez novo vestibular, estudou muito e trabalhou pesado outra vez.
Ninguém jamais poderá dizer que não lutou.
Mas seu segundo casamento não deu certo. Veio a separação. Outras mortes de pessoas queridas.
Taís não suportou e meio que se rendeu. Voltou a Minas Gerais. Se enfurnou nos cafundós da fazenda do pai. Sem telefone. Sem endereço. Ela e seus lutos.
Sinto sua falta.
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