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Pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) descobriram recentemente pontas de lança e cerâmicas usadas por populações pré-históricas na Ilha de Tatuoca, no litoral de Ipojuca, cerca de 50 quilômetros distante de Recife. Achados arqueológicos como lanças e raspadores provavelmente pertenceram a índios tupis que ocuparam o local até a chegada dos colonizadores portugueses e holandeses.
Visitei Tatuoca em 2003, logo depois de desembarcar de minha primeira viagem a Angola. Em choque com a miséria que vi naquele país destruído por mais de 70 anos de guerra, e pensando que afinal Caetano tinha razão ao cantar que o Haiti (ou Luanda) é aqui, escrevi algo mais ou menos assim.
Quanta gente vive em Tatuoca? Exatamente 164 pessoas – 70 crianças. Apenas 36 com carteira de identidade. Quarenta com certidão de nascimento. Uma população completamente isolada, sem energia elétrica, água potável e assistência do Estado. De uma cacimba rústica, uma poça de depósito de água da chuva, sai o líquido de beber, de banhar-se e de lavar. Na escola não há cadeiras, mesas, professor, merenda, livros ou cadernos.
Pois bem. Sete anos depois, leio no portal oficial da Prefeitura de Ipojuca (http://gwmroot.gt.com.br/ipojuca) que Tatuoca, suas praias e os estuários de seus rios, são pontos turísticos badalados. E mais. Que ali será implantada a sede de um cluster naval – inclusive com acesso rodoferroviário ao Estaleiro Atlântico Sul – parte do Complexo Industrial Portuário de Suape.
Para a execução do projeto, a comunidade de história secular está aos poucos sendo transferida dos 7.300 metros quadrados que compõem a ilha, com seus rios, manguezais e matas, para 51 casas de gesso com dois quartos e quintais de 25m². A chamada Zona Residencial Nova Tatuoca. Sua cultura tradicional, extrativista e de agricultura de subsistência, terá de ser alterada. Como tudo mais em sua vida. É o que se chama progresso: a incorporação, no dia-a-dia das pessoas, de novas conquistas no campo tecnológico, da saúde, da construção, dos transportes... Pode até ser bom. Mas o tatu, pobrezinho, perdeu a toca.
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