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Antonio tem 48 anos, uma filha, três netos. Vive com a família entre igarapés do alto Solimões, no Amazonas, numa das comunidades de Mapurilândia – uma reserva de desenvolvimento sustentável.
Quando é temporada de pesca, ou quando há combustível para o motor do barco que alcança os lagos, toda a comunidade se farta: recolhe tambaqui, curimatã, aruanã, mapará, pacu, e um manjar que só quem nasceu na Amazônia é capaz de apreciar – o bodó, um bicho achatado, preto e liso, com mais de um palmo de comprimento, que recolhido de buracos às margens dos rios é cozido e comido inteirinho.
Antonio trabalha bastante no tempo de despesca do pirarucu. Sabe direitinho onde os peixes vivem, conhece seu tamanho pelo tempo que levam entre uma e outra subida para respirar, e lida com destreza com seu arpão. Fora dessa temporada, desfruta a vida com prazer. Está em seu paraíso e não há o que lhe tire de lá.
O peixe de cada dia é sacado da água pelos netos, com linha de pesca, num fiozinho de água que corre ao lado de casa. No terreno há banana, coco, mandioca e urucum – além de porcos e galinhas.
Como é a casa desse chefe de família? Bem, tem pilastras sob o piso, para evitar a invasão das águas nos tempos de chuva. Tem telhado. Tem redes. Mas não tem paredes. Nem cadeiras ou outros móveis.
– Aqui não tem perigo, não faz frio, e os carapanãs estão acostumados com nosso sangue... Não acham graça nem na mordida... Então para que paredes? Assim como estamos podemos ver tudo o que se passa a nossa volta!
Mais. Não há escada para subir à casa da família de Antonio: quem quer entrar precisa escalar um tronco de madeira. O piso fica livre para as crianças brincarem e para que as pessoas sentem em roda, para uma conversa mansa ou para fazer uma refeição em torno da panela.
Numa espécie de trapiche, atrás da casa, fica o fogão – uma armação de tijolos com fogo a lenha em que, num caldeirão com tempero colhido no quintal, são cozidos todos os peixes despescados no dia, seja lá de que espécie forem. A refeição de rotina: cozido de peixe com farinha de mandioca. Delícia.
Nessa vida simples, feliz, sem ambições, Antonio se orgulha de um feito, de uma riqueza. Comprou para o neto, de 8 anos de idade, um motor de motocicleta, desses que podem ser adaptados a canoas, veículos fundamentais para a sobrevivência na Amazônia. O tal motor, vermelho reluzente, fica guardadinho num canto da casa, esperando que o garoto cresça e possa se aventurar pelas águas amazônicas. Se pode estragar por falta de uso, enferrujar, ficar ultrapassado? Ah, isso nem passa pela cabeça de seu Antonio!
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