Encomenda de um amigo colecionador de condecorações de guerra.
Uma cruz de ferro muito especial, dos tempos da Alemanha de Hitler, que talvez pudesse ser encontrada em Viena, na Áustria.
Converso com nosso anfitrião. Ele demora dois dias a responder e traz um papelucho com um endereço. Recomendação:
– Vá, mas seja discreta.
Táxi. Periferia de Viena. Loja com vidros forrados de papel pardo, o interior atulhado de quinquilharias e ninguém para atender.
No tempo de espera, espio o que existe por ali. Uniformes, capacetes, cantis, espadas e armas de fogo... E uma maravilhosa prateleira de bonequinhos, de soldadinhos de ferro.
Respondi a um longo interrogatório num inglês macarrônico dos dois lados, até que o senhor alto de cabelos brancos se convenceu a subir as escadas e buscar a cruz de ferro que me fora encomendada – e que eu não pretendia deixar de levar. Com o restante do dinheiro, comprei bonequinhos.
Depois soube que era proibido vender material nazista na Áustria. Vender e comprar, claro. A aventura poderia ter se transformado na maior encrenca. Mas tudo acabou bem. O senhor até sorriu quando deixei a loja.
Na volta ao Brasil, a cruz de ferro deixou meu amigo feliz. Mas os bonequinhos... Ah, esses fizeram o maior sucesso! Eram raríssimos, feitos pelos soldados com o chumbo de balas derretidas, nos poucos momentos de sossego.
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