segunda-feira, 15 de junho de 2015

Tempo de viver

A cada 20 minutos um aparelho ligado ao seu braço esquerdo media seus batimentos cardíacos e sua pressão sanguínea. Aquilo duraria 24 horas, inclusive enquanto estivesse dormindo, para comprovar um problema no coração. Não era confortável. Não era agradável. Nem prolongaria sua vida. Uma cirurgia e remédios muito provavelmente provocariam mais efeitos colaterais indesejados do que lhe dariam um pouco mais de qualidade de vida. 

Havia muitas discussões. Ela já não raciocinava claramente, já não conseguia argumentar. Então, para que a consciência não lhes pesasse no futuro, por motivações puramente egoístas, seus familiares submetiam-na aos tratamentos protocolares (coisas de médicos e hospitais).
Por sorte ela morreu rapidamente.
No dia seguinte eu escrevi um documento avisando aos meus que não quero minha vida prolongada por máquinas, que não quero fazer quimioterapia. Acredito que haja um tempo de viver e outro de morrer. Não temo a morte e desejo ser cremada. Espero que me atendam.

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