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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Desintegração

- Já pensou se no Brasil se falasse castelhano? Que maravilha seria?

A pergunta foi feita por um equatoriano. Peruanos, chilenos, bolivianos, argentinos e colombianos presentes concordaram. Todos trabalhavam, conviviam, se divertiam num mesmo cantão da vasta latinoamerica. Falavam a mesma língua em muitos sentidos. Compartilhavam a história. O passado. Havia uma espécie de cumplicidade entre eles.

Os brasileiros presentes calaram. Estavam em festa, eram bem acolhidos, mas seguiam desintegrados.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Una aventura en la Ciudad Blanca

En el sitio de la municipalidad de Arequipa, Perú, está una citación: "Arequipa un oasis entre el desierto y la montaña; un campo verde de todos los matices, entre el bermejo austero del desierto y el misterioso violeta de los cerros gigantes."

Fue Augusto Sánchez Guillén, con sus ojos dulces bajo cejas gruesas, que nos presentó a la "Ciudad Blanca", así llamada por sus hermosos edificios constituidos por una roca volcánica de color claro. El tenía 68 años cuando nos conocimos en Arequipa, Perú, en 2007.  


Descendiente de italianos y españoles, Profesor de Historia jubilado, Economista y Administrador Público, el ocupaba un cargo en el gobierno, pero pasaba poco tiempo en la oficina. Visitaba e conversaba con la gente. Niños, jóvenes, adultos y ancianos conocían el profesor, y siempre tenían algo que decirle. Guillén escuchaba atentamente. “Nadie es mejor que otro”, afirmaba. “Así es”.


Guillén nos presentó a los residentes locales y a una obra que cambió la vida e la economía de la región. El señor Guillén nos llevó a conocer un símbolo del paisaje de Arequipa, el Misti, volcán inactivo con circa de 5,800 metros de altitud y la cresta cubierta de nieve.

La ruta de acceso al Misti pasa por un parque de preservación, donde se puede observar  vicuñas, alpacas y llamas. En la altitud, la vegetación es escasa y los animales cruzan la carretera como quisieran ver, también ellos, a los visitantes.




Hasta los años 1980, los arequipeños vivían parte del tiempo sin energía. Augusto Sánchez Guillén trabajó en la obra de construcción de la central hidroeléctrica Charcani V, ubicada en las faldas del volcán Misti, durante ocho años, y recuerda lo que fue esta aventura.


 La central fue construida a una altitud de 3,800 metros. La ejecución requería la excavación de un túnel en el interior del Misti, en que se repetían temblores hasta 30 veces por día y donde la temperatura llegaba a 18º bajo cero. Se construyó asimismo un túnel de 11 km que permitió generar una caída de agua de 690 metros hasta las turbinas. Para los trabajadores, esta fue una prueba de coraje y determinación.


El impacto del suministro de energía estable fue inmediato y positivo. La central hidroeléctrica iluminó la ciudad. Se desarrolló la agroindustria e la industria metal-mecánica en los alrededores de la ciudad. La gente empezó a llegar, a inaugurar nuevos barrios y centros comerciales. En las tierras donde no vivía nadie se encuentran actualmente asentamientos con miles de familias. 




La Ciudad Blanca tiene otras atracciones, además de Misti y de la arquitectura, una fusión de características europeas y autóctonasEs indispensable probar los platos típicos, como el riquísimo chupe de camarón, el cauche de queso y el rocoto relleno. Pero cuidado: si no te gusta la comida picante, no le pida al rocoto relleno!

Más una curiosidad: Arequipa fue fundada en el sitio de una antigua ciudad Inca. Los arequipeños, de algún modo, no se sienten como los demás peruanos. La influencia de los españoles en su cultura non fue significativa como en otras partes del país.


La población es orgullosa de su historia y de la resistencia de su cultura. Así, por tradición, los arequipeños llaman a su tierra República Independiente de Arequipa, mantienen moneda propia e tienen, incluso, pasaporte concedido a título honorífico para aquellos que son considerados bienvenidos.

Guardo con cariño el pasaporte. Pienso que volví de Perú un poco arequipeña.



Viajé a Arequipa para escribir un informe sobre las actividades sociales en 28 años de trabajo de Odebrecht Perú Inginiería y Construcción. Este informe está en Internet.  
Foto de Augusto Sánchez Guillén: Roberto Rosa

domingo, 17 de outubro de 2010

Muitas histórias

Todas a ver com África.
Uma, para ver e ouvir, é dica do Ivan, que vive na Bélgica: 

Imperdível: Entrevista com contadora de histórias nigeriana [http://ning.it/bITTHh] 


Outra é notícia:

Potências econômicas, conglomerados e sociedades de investimento estão adquirindo terras em proporções inauditas. Quem sai perdendo são os que já passam fome e dependem da importação de alimentos.
 
Carolin Callenius, especialista em nutrição da ONG alemã Pão para o Mundo (Brot für die Welt), afirma que a informação é confiável, proveniente de estudos do Banco Mundial.

_ Só entre outubro de 2008 e junho de 2009, 46,6 milhões de hectares foram arrendados a firmas estrangeiras ou estão em processo de negociação. Cerca de 70% desse território se concentra na África, em países como o Sudão, Moçambique, Congo, Quênia ou Serra Leoa.

Há mais notícias sobre o Dia Nacional da Alimentação no site da Deutsche Welle.

sábado, 16 de outubro de 2010

Ciência e bizarrices

Entretenimento da hora: comprar uma análise individual do genoma.
O relatório custa umas poucas centenas de dólares e pode até ser uma diversão. Como um mapa astral, por exemplo.
A questão: o que você faz com a informação, digamos, de que tem 3% a mais de chance do que a média de ter hipertensão, câncer ou diabetes?

Quem anda pensando nisso é Eric Green, diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos Estados Unidos, que fez um mea-culpa pelas promessas não cumpridas. Diz que houve ingenuidade em torno dos anúncios sobre os resultados práticos da pesquisa. "Se você olhar para os avanços médicos na história, dificilmente vai encontrar algo que realmente mudou a prática da medicina em uma década. Se tivéssemos sido lembrados disso há 10 anos, provavelmente teríamos visto tudo de maneira diferente."

Ah, a História...

Leia: Líder em genômica diz que fomos ingênuos sobre potencial de sequenciamento do DNA

Imagem: Nicolle Fuller/NSF

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Deolinda, uma heroína de Angola no Brasil


Entre 1960 e 1961 viveu no Brasil uma jovem chamada Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida. Angolana, era estudante de Sociologia no Instituto Metodista de Ensino Superior, em Rudge Ramos, na Grande São Paulo. Hoje o prédio, tombado como Patrimônio Histórico, guarda um museu. E Deolinda é nome de praça e avenida em Luanda – é uma das Heroínas cuja coragem na luta pela Independência de Angola, entre 1961 e 1975, é lembrada no Dia da Mulher Angolana, em 2 de março.

Deolinda é a mais conhecida das Heroínas de Angola por razões compreensíveis: escreveu um diário que foi preservado; era prima de Agostinho Neto, o herói da independência angolana; seu irmão Roberto de Almeida tornou-se político de realce na Angola independente; e sua história tem ingredientes marcantes.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Emoção primordial

Compaixão. Tema de coloração religiosa às vésperas do dia de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. Milhões de pessoas aflitas, flagelando-se, em prantos.

Seria demais querer entender tamanha esperança de resolver problemas da vida com uma parada na Basílica de Nossa Senhora Aparecida,  construção que mais parece um shopping center, com passarela monumental (inclusive no que diz respeito ao mau gosto) e centro de apoio ao romeiro.

Mas a compaixão sempre me interessou – especialmente a falta dela. E me ponho a fazer uma pesquisa rápida em escritos de pensadores acerca do assunto.

Para Jean-Jacques Rousseau, que formulou a teoria do bom selvagem, compaixão é sentimento natural que independe de educação – e que é responsável pela sobrevivência do gênero humano, muito mais do que a razão. Mas há idéias mais céticas.

Friedrich Nietzsche e Antoine de Saint-Exupéry falam do lado perverso da compaixão – daqueles que experimentam prazer em serem cuidados e exploram o outro; e da ambiguidade desta emoção que provoca sofrimento e satisfação. 

Passeando pela internet descubro um estudo de uma equipe do Departamento de Arqueologia da Universidade de York, na Inglaterra. 

Os pesquisadores utilizaram equipamentos de neuro-imagem para examinar evidências arqueológicas do desenvolvimento de emoções e da compaixão em humanos primitivos, de seis milhões de anos atrás até os Neandertais e os homens modernos. 

Partiram do momento em que o ancestral comum de humanos e chimpanzés experimentou a motivação para a ajuda mútua. Depois, constataram que o Homo Erectus dedicava tratamento especial a mortos queridos – o que sugere sentimento de luto.

Entre 500 mil e 40 mil anos atrás, os Homo Heidelbergensis e os Neandertais caçavam juntos, organizaram estruturas de atendimento de rotina a feridos e doentes – e há, inclusive, evidências de que ao invés de abandonarem pessoas com problemas congênitos, cuidavam delas por décadas.

Há 120 mil anos os seres humanos modernos demonstram compaixão por estranhos, animais, objetos e até conceitos abstratos. 

"Compaixão é talvez a emoção mais fundamental do ser humano e o registro arqueológico tem muito a contar sobre sua pré-história", diz Penny Spikins, que liderou a pesquisa. Não falou na falta dela. Em seres humanos sem compaixão.

O artigo sobre os sentimentos intangíveis dos seres humanos está na revista Time and Mind: chama-se Compassion from the earliest archaic to modern humans. Os pesquisadores também lançaram o livro The Prehistory of Compassion, disponível para compra online.

A foto do modelo de um homem Neandertal foi feita por Javier Trueba e é da Science Photo Library.

sábado, 9 de outubro de 2010

Vivaldi resgatado

Ao vasculhar o Arquivo Nacional da Escócia, em Edimburgo, o violinista Andrew Woolley, pesquisador na University of Southampton, descobriu uma pérola: o manuscrito de um concerto para flauta de Vivaldi que havia sido mencionado num catálogo de vendas de um livreiro holandês, no século XVIII, mas jamais tinha sido visto ou executado.

Trata-se de Il Gran Mogol, dedicado ao Oriente, parte de um conjunto de quatro concertos –  La Francia, La Spagna e L'Inghilterro, continuam perdidos. 


Como faltava um trecho para o segundo violino na partitura encontrada, Woolley realizou um trabalho adicional. Completou o serviço baseado no manuscrito de outro concerto de flauta de Vivaldi tido como uma reformulação do Il Gran Mogol.

Quem estiver na Escócia no dia em 26 de janeiro de 2011, poderá agendar uma noitada histórica no Perth Concert Hall – e assistir à estreia de uma obra composta 250 anos atrás. Enquanto isso, parte do Il Gran Mogol está disponível no site do Guardian - www.guardian.co.uk/music/2010/oct/07/vivaldi-flute-concerto-discovery-scotland.

Nascido em Veneza, na Itália, Antonio Vivaldi morreu em Viena, na Áustria, aos 63 anos de idade – na cidade há esculturas, praças e teatros em sua homenagem.

Ao longo da vida Vivaldi compôs mais de 500 serenatas, óperas, árias, cantatas e concertos. A Biblioteca Coral de Domínio Público, do grupo Wiki, ainda está um pouco confusa, mas já possui cerca de 10 mil partituras oferecidas gratuitamente no link http://www.cpdl.org.

Nesta temporada, ouvir Primavera é uma boa pedida. Experimente. A peça executada pela Orquesta Filamónica de Berlím, sob a regência do maestro Herbert von Karajan, está disponível no post a seguir.

A reprodução da partitura que ilustra este texto é do National Archives of Scotland Crown.
University of Southampton - http://www.soton.ac.uk/

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A pedra do caminho

Tropeçou? Preste atenção. Não apenas para evitar a queda. Uma pedra, mesmo pequena e aparentemente simples, pode ser eloquente.

É o que mostra Jan Zalasiewicz, professor de Geologia da Universidade de Leicester, no livro The Planet in a Pebble: A Journey into Earth's Deep History, recentemente lançado nos Estados Unidos e na Inglaterra, ainda sem tradução para o português.

Ele explora a construção do Sistema Solar e as origens da Terra. Promove uma excursão que vai do surpreendente número de átomos a indícios de erupções vulcânicas, animais e plantas extintos, formação de petróleo... Tudo a partir de um seixo ao qual, provavelmente, um mortal comum não daria qualquer importância.

Site da Universidade de Leicester - http://www2.le.ac.uk/

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Glamour e drama à italiana

Esta é uma história italiana com certeza. Mistura nobres, negociantes, famílias com experiências glamurosas e dramáticas, e, por todo o lado, muito, muito dinheiro. Além de carros.


O rapaz da foto ao lado é Jacob Philip Elkann, chamado de Jaki por familiares e amigos. Desde abril de 2010, pouco antes de completar 35 anos de idade, assumiu a presidência do conselho do grupo Fiat. Não tem o nome Agnelli, mas é o único representante da família na direção do grupo fundado pelo clã. 


John é neto de Gianni Agnelli, filho da pintora e poeta Margherita Agnelli Elkann e do jornalista e escritor francês Alain Elkann. Nasceu em Nova York, viveu na França e na Inglaterra, e formou-se engenheiro industrial em 2000, em Turim, na Itália.

Desde 2004, o presidente da Fiat é casado com a condessa italiana Lavinia Borromeo, formada em Ciências Políticas em Milão, proveniente de uma das famílias mais antigas do país. Tem dois filhos: Leone e Oceano. Foi justamente no dia do batismo de Oceano que John anunciou a decisão de assumir a cadeira deixada por seu avô na organização da família. E provocou uma onda de sussurros mal disfarçados. Afinal, naquela sociedade tradicional, cheia de segredos e leis próprias, ninguém sabia muito bem o que esperar do neto americanizado de Gianni, um jovem com ideias próprias que, embora tenha se formado sob a tutela do avô, percorrera caminhos desconhecidos.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Monumentos Amazonicos

Era noite de sábado quando o avião aterrissou em Marabá, no Pará, região de garimpo. Empresas mineradoras que extraem riqueza do solo – algumas pagam uma espécie de aluguel para explorar terras indígenas – e uma multidão de migrantes busca de oportunidade de enriquecimento.

Cidade grande. Avenidas, praças largas, muita gente fazendo footing logo no cair da noite – moças com roupas minúsculas, homens com excesso de enfeites. Música com tom caribenho em alto falantes. Indígenas vestidos de cowboys montados em picapes espetaculares.

O hotel era como muitos da Amazônia – o que no sul ou no sudeste do Brasil não passaria de pensão decadente. Piscina com água turva lotada de crianças, adultos, copos, pratos de salgados. Quarto com cama de metal. Banheiro com cheiro de fossa não muito distante.

O recepcionista e o motorista de táxi não compreendem que alguém queira fazer ali um passeio turístico – tipo uma volta por pontos marcantes da cidade. Debates, prós e contras, e conclui-se que para não frustrar o visitante vale uma ida à ponte.

Na margem do rio Tocantins há uma espécie de praça alongada, com bancos e chapéus de sol, para o veraneio. A ponte rodoferroviária atravessa o rio, bastante largo. A construção não chama a atenção – é uma pontona e ponto. Mas na entrada há uma cruz imensa que não passa despercebida. 

O taxista, expert em histórias de horror, as mais comuns por aquelas plagas, explicou.
– Aqui é o marco do massacre dos garimpeiros de Serra Pelada que aconteceu em 1987. Homens, mulheres, crianças, faziam uma manifestação. Pediam caminhões, tratores e a remoção de 8 milhões de metros cúbicos de terra que impediam a garimpagem segura na Serra Pelada. A polícia cercou os dois lados da ponte e atirou. Vários foram fuzilados. Muitos, apavorados, tiraram os sapatos e se jogaram no rio. Como era tempo de seca, o rio estava raso, e todos morreram – de bala ou de queda. Depois, o balanço do número de mortos foi feito com a contagem dos sapatos deixados no asfalto...

Próxima parada na estrada para Parauapebas, em Eldorado de Carajás. Troncos queimados de enormes castanheiras, plantadas à beira do caminho, sinalizam o local do massacre de sem-terra de 1996. Eram cerca de 3.500 famílias. O coronel da Polícia Militar do estado do Pará, Mário Colares Pantoja, responsável pela operação policial, foi condenado a 228 anos de reclusão, cerca de dez anos depois do ocorrido. Mas pediu a nulidade do processo e conseguiu não apenas que fosse nomeado juiz substituto para o caso: responde o processo em liberdade.

Histórias esquecidas.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nada manso

Os paulistas com mais de 50 anos certamente lembram-se do chá da tarde e dos elevadores do prédio do Mappin, plantado na Praça Ramos de Azevedo, diante do Teatro Municipal. Assim como da loja de chapéus Ramenzoni, não muito longe dali. Ou mesmo da Mesbla, que embora tivesse sede no Rio de Janeiro também fez muito sucesso em São Paulo. 

Pois tudo isso desapareceu por obra e arte de um único personagem: Ricardo Mansur. Ele foi retirado da escola aos 19 anos de idade, quando a loja de tecidos de seus pais libaneses foi à falência. Recebeu algum dinheiro para tomar as rédeas de sua vida e abriu uma papelaria, mas não era muito de bater ponto, cuidar de estoque, lidar com contabilidade. Frequentava a turma do Colégio Dante Alighieri e, embora não fosse rico, desfilava num Ford Fairlane importado e fazia sucesso. 

Tornou-se um magnata precoce devido a uma habilidade – sabia comprar empresas cujos donos estavam loucos para se livrar delas, e vendê-las com lucro. Foi assim com as tradicionais lojas de departamento Mesbla e Mappin, e com os chapéus Ramenzoni. Mas estas não foram suas únicas tacadas. Foi dono da Vigor: comprou no longo prazo, nomeou seu irmão como administrador, e saldou os pagamentos com os rendimentos proporcionados pelo negócio. Também arrematou a Leco, outra fábrica de laticínios que acumulava dívidas e brigas entre os sucessores da família proprietária.

Em 1990 fez uma jogada um pouco diferente. Investiu 16 milhões de dólares na montagem de trinta lojas da Pizza Hut, franqueadas da Pepsi Cola. Como as pizzarias fizeram sucesso rapidamente, a Pepsi quis reavê-las. Pagou 30 milhões de dólares e deu a Mansur um lucro de 14 milhões de dólares em pouco mais de dois anos.

Praticante de pólo, ele garante que já disputou uma partida com o príncipe Charles, da Inglaterra – país dos seus sonhos. Seu guarda roupa, bem como os objetos de decoração de seus escritórios e residências, têm etiquetas britânicas. Em geral com estampas de cavalos. 

Grandalhão, Mansur não tem nada de discreto. Suas mãos são como aquelas espátulas de forno de pizzaria. Os cabelos ralos são cuidadosamente colados à cabeça. E as cores dos trajes são combinadas com esmero. Não. Não é exatamente um dandy. Na Hípica Paulista é bastante lembrado o dia em que, depois de uma partida de polo, houve um desentendimento entre Mansur e Arnaldo Diniz (irmão mais novo da família que detinha o controle do grupo Pão de Açúcar), que jogavam em times opostos. Pouco depois os dois se encontraram num restaurante e Mansur quebrou uma garrafa de água mineral na cabeça do adversário. 

De volta aos negócios. Mesbla e Mappin faliram. O Banco Central liquidou o banco de Mansur, o Crefisul. Todos os seus negócios estavam quebrados, mas seu patrimônio pessoal era estimado em meio bilhão de dólares. Mansur era dono de mansões em Londres, no bairro do Morumbi, em São Paulo, e em Indaiatuba, no interior paulista – quase idênticas, em estilo neoclássico. Tudo estava em nome da esposa e dos três filhos quando, acusado de crime contra o sistema financeiro, ele foi preso por 51 dias. Solto, não foi visto no Brasil por vários anos.

Não pense que a novela para por aí. Corriam processos e mais processos na Justiça, e a polícia se mobilizava para localizar os dinheiros de Mansur no Brasil e no exterior, mas ele voltou. Em agosto de 2009, a família Balbo, proprietária da Usina Galo Bravo, de Ribeirão Preto, entregou-lhe seu negócio para que ele conseguisse recursos e saldasse uma dívida estimada em 450 milhões de reais. Pois onze meses depois, ao ser afastado do controle da usina, Mansur deixou uma dívida bem maior: de 2,5 bilhões de reais. Na mesma época, comprou uma destilaria no interior de São Paulo e a Faculdade Batista de Vitória, no Espírito Santo. Tudo foi restituído aos antigos donos e o Tribunal de Justiça de São Paulo suspendeu o bloqueio dos bens de Mansur e de seus familiares.

Antes que essa figura da história empresarial brasileira dê seu próximo bote, o que se sabe é que a rede de lojas Marabraz  adquiriu os direitos sobre a marca Mappin, em leilão público, pela bagatela de 5 milhões de reais, menos da metade do valor estabelecido pela Justiça, pois não havia outros interessados no nome. Nem mesmo Mansur, o bravo, apareceu no leilão.


Há notícias, artigos e reportagens sobre Ricardo Mansur e suas atividades, entre outros, nos seguintes sites: http://www.estadao.com.br, http://epoca.globo.com, http://www.istoedinheiro.com.br, http://veja.abril.com.br, http://oglobo.globo.com.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sabedoria soterrada




O arqueólogo peruano Walter Alva não é lá muito parecido com Indiana Jones. Usa boina; almoça e janta em casa com a esposa; tem uma barriguinha avantajada; e provavelmente jamais será visto com um chicote na mão. Mas as emoções que vive são bem semelhantes às do personagem hollywoodiano. É um caçador de ladrões de memórias alheias – além de ser pesquisador em sítios arqueológicos e diretor de um dos mais importantes museus do Peru, o Museo Tumbas Reales de Sipán, na cidade de Chiclayo, em Lambayeque.

Foi Walter Alva quem descobriu a tumba do Señor de Sipán, imperador da civilização Mochica. Os Moches mantinham organização hierárquica imperial equiparável à do Egito Antigo, e calcula-se terem controlado a costa norte do Peru por cerca de um milênio, entre 300 antes de Cristo e 700 depois de Cristo. Alva demonstrou que este povo tinha tecnologia para construir grandes obras como canais de irrigação, pirâmides e muralhas – tudo em barro. Quando se passeia pelas cercanias do sítio arqueológico de Sipán, o que parecem ser montanhas como outras quaisquer são pirâmides ou fortificações que guardam uma história ainda pouco conhecida.


Alva começou a esquadrinhar a região em 1987, depois de ter sido alertado pela polícia de que havia saqueadores na área. Ao responder ao chamado, deu-se conta de que estavam levando dos morros de Lambayeque mais do que cacos de potes de cerâmica: havia colares de prata, esculturas rituais e muito mais sob a poeira vermelha.


O local é cenário de rituais religiosos e cemitério da nobreza da antiga civilização. Ali já foram localizados 16 túmulos. Os primeiros, do Senhor de Sipán e do Velho Senhor de Sipán, com acompanhantes, serviçais, objetos e joias. O achado mais recente, de 2010, é de tumbas que guardam os restos mortais de três pessoas: um adolescente com cerca de 13 anos de idade, uma mulher e um homem ainda não identificados.


Para Alva tudo isso é muito interessante. Pode levar à compreensão do passado peruano. Mas ele considera mais importante outro resultado. A recuperação da autoestima daqueles que vivem onde antes havia riqueza e atualmente grassa a pobreza.


– A sabedoria dos povos que eram capazes de plantar e produzir nesta região árida perdeu-se. Está sob a terra. Precisamos recuperá-la para ajudar as gentes de hoje.

A Unesco publicou entrevista com Walter Alva em http://www.unesco.org/courier/2001_04/uk/doss26.htm
O link do Museo Tumbas Reales de Sipan é www.tumbasreales.org

O mito de Lumumba


Foi Manoel Francisco, 65 anos de idade, administrador da cidade de Benguela, em Angola, quem me contou esta passagem, em janeiro de 2009.

Nascido antes do fim da colonização portuguesa, arrancado dos pais aos oito anos de idade, ele foi levado para trabalhar como criado na casa de colonos brancos.

– Servia aos senhores, mas tinha consciência da situação em que me encontrava. Portanto, quando veio a Guerra pela Independência de Angola, em 1961, sabia que tinha de lutar.

Mas mal houve guerra em Benguela e Lobito. Muitos belgas e portugueses aproveitaram a estrada de ferro para fugir rumo a Congo Brazzaville. E entre os portugueses que restaram corria um temor, quase que uma certeza. Achavam que Patrice Lumumba, líder anticolonial africano considerado imbatível, apoiaria os angolanos independentistas – e que suas forças chegariam por rio.

Pois a natureza resolveu dar uma forcinha ao mito. Uma chuvarada fez com que os rios Cavaco, Catumbela e Coporolo transbordassem. As águas arrastaram troncos de bananeira – que os portugueses confundiram com balsas. Diante da visão, houve fuga desabalada para a restinga.

Benguela e Lobito ficaram aos cuidados dos angolanos.
Vitória por W.O. ou Walkover, poder-se-ia dizer, caso se tratasse de competição esportiva ou de eleições.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Un desierto verde



En 1756, un corregidor describió a Trujillo en los siguientes términos: “A esta región le hacen falta colores, no hay nada sembrado.”

Los valles ubicados en La Libertad eran un arenal. He visto la arena, en un viaje que hizo a Perú en el año 2007, pero había mucho más. Había verde en la arena.

Un proyecto de riego, el Chavimochic, condujo el agua del río Santa para aquella zona árida, que se ha convertido en una de las más importantes exportadoras de productos agrícolas del país. Desde el cielo si ven los 20 km de túneles, canales y presas que transforman la arena en un mar verde.

Hoy en día Trujillo es una ciudad próspera. Tractores aran la arena. Personas caminan por los surcos para cosechar espárragos.

La experiencia demuestra que es posible transformar territorios desérticos en polos de producción de frutas, hortalizas y legumbres, con potencial de generar trabajo y mejorar la calidad de vida de la población.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Diplomacia Especial


Um senhor elegantíssimo, entrando na casa dos 80 anos de idade. Terno impecável. Fala tranquila. E histórias de arrepiar. O embaixador aposentado Ovídio de Andrade Melo, nascido em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, é pintor: artista primitivo que assina Juca seus quadros que retratam do metrô de Londres a paisagens africanas. Também é escritor: publicou “Recordações de um removedor de mofo do Itamaraty: relatos da política externa de 1948 à atualidade”.

Conversei com ele em 2009 por outro motivo. Ovídio Melo foi nosso homem no processo de independência de Angola. O trabalho que realizou resultou num marco. Em 1975, em plena guerra fria, o Brasil, sob regime militar de direita, foi o primeiro país a reconhecer a independência da República Popular de Angola e o governo de Agostinho Neto, presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola, o MPLA, apoiado pela União Soviética.

O presidente do Brasil era o general Ernesto Geisel. Seu chanceler, Azeredo da Silveira. Na política externa, por razões conjunturais e de humor de Geisel, o tom era de autonomia em relação aos Estados Unidos. Ovídio, que estava baseado em Londres, esteve na África por várias vezes, no início de 1975, para conversar com os movimentos de libertação das colônias portuguesas, em especial Angola, e conseguir espaço para que o Brasil estabelecesse uma espécie de missão diplomática antecipada, acompanhasse a transição para a independência e planejasse relações futuras entre os países.

A Representação Especial do Brasil em Luanda recebeu carta branca. O embaixador e sua esposa Ivony Melo desembarcaram no aeroporto da capital angolana em março de 1975, em meio a uma guerra-civil acirrada. A missão de contatar lideranças dos três movimentos independentistas, e analisar a situação local, não seria assim tão complicada se estivessem os três partidos estabelecidos em Luanda; se houvesse água, luz, meios de comunicação. Não era o caso. Angola estava em situação caótica.

Aqui vão algumas das aventuras vividas pelo diplomata brasileiro em Angola. Reunidas, suas experiências dariam um romance ao estilo Graham Greene.

Para falar com Jonas Savimbi, chefe da União Nacional para a Independência Total de Angola, a UNITA, foi preciso tomar um carro emprestado a um engenheiro português e percorrer estradas esburacadas por mais de quatro horas, até a pequena cidade de Silva Porto, na província de Huambo, no sudeste do país. Ali nascera Savimbi e ali, também, estava instalado seu quartel-general. O casal foi parado e revistado várias vezes nas ruas de Silva Porto, a caminho do hotel onde seria recebido. Depois, novamente, na sala do primeiro andar onde o encontro de poucos minutos, que nem rendeu muita troca de ideias, foi assistido por guerrilheiros armados postados ao lado de portas e janelas.

Segunda parada: Kinshasa, a capital da República Democrática do Congo, para um encontro previamente agendado com o chefe da Frente Nacional de Libertação de Angola, FNLA, Holden Roberto. Este, durante toda a reunião, falou de si, de seu poder, seus feitos, e sua importância como defensor da democracia e do Ocidente na África.

Dias depois, Ovídio Melo estava em Nairóbi. Queria marcar entrevista com Agostinho Neto em Dar El Salaan, na Tanzânia, onde o MPLA tinha escritório. Soube que o líder do Movimento iria voar bem cedo, no dia seguinte, e se dispunha a conceder a entrevista no aeroporto de Nairóbi, onde faria uma escala rápida. Mas o embaixador brasileiro andava meio cansado de conversas rápidas. Queria mais. Na mesma noite foi para Dar El Salaan disposto a voltar no avião em que Agostinho Neto embarcaria na manhã seguinte. Resultado: a conversa durou todo o trajeto entre as duas capitais africanas. E Ovídio Melo soube que aquela viagem tinha significado histórico e sentimental para Agostinho e sua comitiva. Era o fim do exílio do MPLA na Tanzânia. Depois da escala em Nairóbi todos seguiriam para Luanda, aonde chegariam em 4 de fevereiro, data do início da luta pela independência em Angola.

Por volta de um mês antes de 11 de novembro, o dia da Independência de Angola, o Embaixador conversou com o Brasil e enviou correspondência com suas observações e recomendações ao Itamaraty. Recorda que argumentou:

“Tínhamos sido respeitosos para com todos os movimentos organizados em Angola, tínhamos sido neutros em todas as lutas que presenciamos, tínhamos desejado chegar cedo a Luanda para planejar as relações futuras. Deveríamos, então, reconhecer Angola na data exata da Independência, porque estivemos sempre, e estaremos no futuro, irmanados pela língua, pela cultura, pela História."

Assim foi. No mesmo momento em que Agostinho Neto proclamava a independência em Luanda, o governo brasileiro divulgava, em Brasília, nota de reconhecimento do novo país e de seu governo.

O Embaixador Ovídio estava na sacada do Palácio quando Agostinho Neto discursou. Era o único chefe de repartições consulares a permanecer em Luanda. Não apenas testemunhou a posse do novo presidente angolano: assistiu as manifestações populares e participou das comemorações do MPLA. Dois meses depois estava de volta a Londres. Dali foi ser Embaixador na Tailândia, onde acompanhou os rescaldos da terminada guerra do Vietnam. Mas esta é outra história.

A foto, que me foi enviada pelo Embaixador Ovídio Melo, é datada de 1975. Nela aparece também a embaixatriz Ivony Melo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Visita a um boneco de cera

Quem, tendo vivido a revolução cultural dos anos 1960, e estando em Moscou, não enfrentaria a fila que fosse para ver o corpo do líder revolucionário Vladimir Ilitch Ulianov, o Lênin, fundador do Estado Soviético, na Praça Vermelha?


Pois é. Odeio filas, mas queria ver não apenas o Mausoléu de Lênin: estava curiosa para passar pelo túmulo de John Reed, jornalista cujo livro “Dez Dias que Abalaram o Mundo” eu lera e relera. Acordei cedo, tirei meus filhos da cama, e fomos buscar um lugar na multidão que se acotovelava para fazer o passeio.


Entramos na construção de granito e mármore. Passamos por revista – o que é rotina na Rússia, onde quer que se vá. E finalmente pusemos os pés num salão frio, úmido, escuro, com uma caixa de vidro ao centro, e, dentro, o corpo de Lênin. Ou um boneco de cera.


Tudo era muito irreal. Nossos olhos não se acostumavam facilmente àquela luminosidade, os guardas faziam com que a fila andasse rápido demais para uma observação cuidadosa, e aquele corpo, embalsamado em 1924 e tantas vezes retocado e maquiado, provocava menos sensações do que uma estátua numa praça qualquer... Uma decepção. Assim como a placa no túmulo de John Reed, num cemitério colado ao muro do Kremlin onde estão também os restos de Yuri Gagarin e Maximo Gorki – para ficar em nomes que não causam desconforto.


À saída, concluímos que estávamos interessados em história – mas em nada de insalubre.

Todos conhecem a cara do Kremlin, e é proibido fotografar no interior do Mausoléu de Lênin - o que nos interessaria aqui. Este texto, portanto, fica sem ilustração.

Uma irmã perspicaz


Em Paris, saí acompanhada por uma dupla de amigos dispostos a passear por lugares pouco turísticos. Fomos parar na Rue du Bac, entre prédios e uma multidão de gente apressada em horário de almoço – e, no meio daquilo, num antigo convento onde fica a Capela da Medalha Milagrosa.

A construção era interessante, mas não tinha nada de tão especial. O cheiro das velas não me agradava. E, para completar, ainda havia o corpo de uma freira com a pele branquinha, branquinha, como se tivesse morrido no dia anterior, exposto numa caixa de vidro, com uma cadeira ao lado.

Passeio funéreo. Minha vontade era sair dali rapidinho. Mas meus dois companheiros eram ótimos contadores de histórias e aos poucos a coisa ficou interessante.

Catarina Labouré, aquela que estava na caixa de vidro, nascera no início dos anos 1800. Órfã, fora enviada ao convento das Irmãs de Caridade, e ali trabalhara muito. Ajudara pessoas carentes, promovera cursos de alfabetização... Era considerada uma benfeitora entre os franceses mais pobres. Quando estava com mais ou menos 30 anos de idade, teve visões de Nossa Senhora – sentada naquela cadeira posta ao lado de sua redoma. A irmã Catarina chegava perto, Nossa Senhora deitava o rosto da moça em seu colo e lhe dizia algumas palavras. Numa dessas vezes, orientou-a a mandar cunhar uma medalha com a imagem que via – a Medalha Milagrosa, que deveria conter a inscrição “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. O pedido foi satisfeito.

Catarina Labouré morreu em 1876. Cinquenta e sete anos depois, em 1933, em meio a uma reforma da Capela de Reuilly, seu corpo foi exumado. Sem que tivesse sido embalsamado, estava incorrupto como se o tempo não houvesse passado. Foi então transferido para a Capela da Rue du Bac e instalado sob o altar da Virgem.

Por se ter mantido íntegra, pelas obras que realizou, pelas visões que teve, ou pela soma de tudo isso, Catarina foi canonizada em 1947. Tornou-se a Santa Catarina Labouré.

Eu estava satisfeita. Saímos. Fui buscar lembrancinhas ao lado da capela, numa lojinha que vende medalhas e imagens de todos os materiais, tamanhos e preços. Mexi, revirei, conversei, e decidi levar um saquinho plástico com umas tantas medalhinhas. Na hora de pagar, a freirinha minúscula postada do outro lado do balcão me olhou indignada e, num português de quem nascera no Nordeste brasileiro, disse:

– Mas a senhora não pode levar as medalhas sem que sejam bentas pelo padre!

Susto.

– Madre, a senhora é brasileira?

Claro que sim. Aquela fala não dava margem a dúvidas. Acontece que em Recife, quando ela era menina e muito pobre, havia uma Congregação das Irmãs de Caridade. As irmãs a adotaram e levaram-na para a França. E como ela havia muitas brasileiras na irmandade, por todo o mundo...

Soube então que o padre demoraria três horas para chegar, e a cerimônia de unção das medalhas tomaria outra hora. Era demais. Expliquei que não esperava milagres – que meu interesse tinha a ver com a memória, com objetos capazes de fazer histórias aflorarem à minha mente. Ela riu.

– Normalmente os brasileiros não são assim... Mas as medalhas vão lhe fazer bem de todo modo.

Fizeram. Aqui estou eu a escrever esta história.

Embora tenha a medalha ao lado do computador enquanto escrevo, as fotos aqui reproduzidas não são dela: foram retiradas da Wikimedia Commons.