domingo, 19 de junho de 2011

Parideira

Num recanto perdido no interior de Angola, ela, atarracada, forte, toda respingada da terra que usava para fazer tijolos de adobe com que construirá sua casa, sorria satisfeita quando eu cheguei.

Mostrou-me o casebre onde vivia, que mal se sustentava em pé.
Disse que, em sua nova morada, à beira da estrada que estava a ser asfaltada, a vida haveria de melhorar.
Perguntei se tinha filhos.

Silêncio. Os braços se cruzaram. Os olhos, agora opacos, recobertos por uma névoa de tristeza, fixaram-se nos meus.
_ Sou mãe de quatro partos.
Nada mais a dizer. Ela deixou claro - partos, não filhos.

Parti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário