
Essas são algumas questões que afloram do livro A Geography of Time, do psicólogo estadunidense Robert Levine – lamentavelmente sem tradução para o português.
Mas comecemos do princípio. Levine era um psicólogo bem sucedido nos Estados Unidos até ser convidado a dar aulas na Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro. A experiência provocou uma guinada em seus estudos.
O professor desembarcou no aeroporto do Galeão poucas horas antes da aula inaugural, e sua bagagem não aparecia na esteira indicada. Quando perguntava, aflito, ouvia uma resposta tranquilizadora: aguarde só um minutinho...
O minutinho levou quase uma hora. Levine agarrou a valise, correu para o ponto de táxi, sofreu com o trânsito congestionado, desembarcou na portaria da escola e desembestou pelos corredores para chegar à sala onde já deveria estar a postos. Suava, respirava com dificuldade, e notava que no caminho ultrapassava estudantes caminhando calmamente em direção à mesma sala. Logo descobriu que eram seus alunos, que entravam atrasados sem constrangimento.
O sentimento de estranheza crescia e agravou-se quando, ao terminar o horário da aula, morto de fome e sono, Levine teve de permanecer em pé, atender alunos, responder questões, refletir sobre problemas interessantes… Ninguém não dava sinal de desejar ir embora!

Analisou 43 países. Ao concluir que povos diferentes percebem o tempo de formas diversas, Levine deu o passo seguinte. Comparou a precisão na percepção do tempo com o grau de desenvolvimento das economias. Segundo apurou, os povos mais ricos são os mais atentos ao relógio.
A questão que ficou: a riqueza implica necessariamente em melhor qualidade de vida? Sim, porque muitos dos povos pesquisados, que sequer têm relógio na praça ou no pulso, têm saúde e alegria... E gozam a vida de maneira calma e contemplativa...
A imagem da ampulheta foi retirada do site historia.pro.br.
As demais estão disponíveis na página de Robert Levine no site da California State University, Fresno: http://psych.csufresno.edu/levine/
Nenhum comentário:
Postar um comentário