Foi Manoel Francisco, 65 anos de idade, administrador da cidade de Benguela, em Angola, quem me contou esta passagem, em janeiro de 2009.
Nascido antes do fim da colonização portuguesa, arrancado dos pais aos oito anos de idade, ele foi levado para trabalhar como criado na casa de colonos brancos.
– Servia aos senhores, mas tinha consciência da situação em que me encontrava. Portanto, quando veio a Guerra pela Independência de Angola, em 1961, sabia que tinha de lutar.
Mas mal houve guerra em Benguela e Lobito. Muitos belgas e portugueses aproveitaram a estrada de ferro para fugir rumo a Congo Brazzaville. E entre os portugueses que restaram corria um temor, quase que uma certeza. Achavam que Patrice Lumumba, líder anticolonial africano considerado imbatível, apoiaria os angolanos independentistas – e que suas forças chegariam por rio.
Pois a natureza resolveu dar uma forcinha ao mito. Uma chuvarada fez com que os rios Cavaco, Catumbela e Coporolo transbordassem. As águas arrastaram troncos de bananeira – que os portugueses confundiram com balsas. Diante da visão, houve fuga desabalada para a restinga.
Benguela e Lobito ficaram aos cuidados dos angolanos.
Vitória por W.O. ou Walkover, poder-se-ia dizer, caso se tratasse de competição esportiva ou de eleições.
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