Nova York, anos 1980, metrô.
Atrás de grades quadriculadas, como um presidiário, num ambiente mal iluminado, ficava o vendedor dos bilhetes.
No trem, na estação do Harlem, entrou um passageiro branco. Usava terno e gravata. Sapato inteiro. Tinha os cabelos cuidadosamente penteados. Levava um pacote de papel pardo na mão. De pé, no fundo do vagão, fez um discurso mais ou menos assim:
– Senhoras e senhores, meu nome é Joseph Andrew Smith. Tenho 58 anos e trabalhei a vida inteira. Meus filhos estão criados e cuidam de suas vidas. Minha mulher morreu. Perdi emprego, casa, carro. Acho que cumpri minhas obrigações, mas hoje, com muita vergonha, preciso pedir para sobreviver enquanto Deus permitir. Ficarei agradecido se puderem ajudar.
Pronto. Passou pelas pessoas recolhendo moedas.
Anos depois, aquele homem continuava no mesmo trem, com fala e resultados idênticos.
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