domingo, 5 de setembro de 2010

Viver perigosamente II

1985. Alta Floresta, Mato Grosso. Pista de pouso de chão batido. Um voo comercial por semana para Porto Velho, em Rondônia. Movimento incessante de aviões pequenos.

Ruas retas e largas. Calor e vento. Poeira em suspensão. Tudo era amarelo, inclusive as folhas das árvores amazônicas.

Uma única pensão com telefone – fachada amarela. Para chegar, só a pé. Um refrigerante custava o mesmo que um bom vinho francês em São Paulo.

Área de garimpo. Barrancos em beira de rio. Milhares de homens enfrentando doença, fome, violência.

O diretor da empresa que ganhara do governo o direito de explorar a região, e expulsava os garimpeiros, tinha uma casa no alto de um morro. Portas e batentes vermelhos. Era ali que fazia reuniões, cercado por guachebas armados.

Espalhou fotos sobre a mesa. Naquela semana mais de cem pessoas haviam sido mortas num barranco. Chacina não noticiada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário