quarta-feira, 13 de maio de 2015

Deixa pra lá

A água que pingava da torneira do banheiro produzia um ruído surdo, como surda eu me sentia diante daquela torneira - surda e incapaz de fazê-la parar de pingar. Ela marcava o rítmo da minha vida. Acorda, escova os dentes, lava o rosto, aperta bem a torneira. Nada. Ela continua pingando. Troca de roupa. Plim, plim, plim. Hora de vestir o sapato. Plim, plim. Fome. Café na cafeteira. Plim.
Não pense que eu não sei da tal borrachinha que a gente troca com a maior facilidade e se livra desse suplício. Eu já troquei. Como não adiantou, chamei o cara que resolve tudo. Ele trocou novamente, me olhando com ar de superioridade. Virou as costas e... plim, plim, plim... Então comprei uma torneira nova, grande, bonita. Chamei o cara e... plim, plim... ele não veio.
Acho que há coisas com as quais a gente tem de se acostumar. Começo a gostar do plim plim plim... e deixo a torneira pra lá.

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