sábado, 30 de outubro de 2010

Democracia de chorar


O ônibus oferece tratamento de dentes gratuito.
Entenda-se: extração.

A pessoa entra numa fila, mostra o título de eleitor e marca hora para arrancar os dentes que doem.
O compromisso: votar no candidato X – nome e número impressos num santinho.

Não adianta explicar que o voto é secreto, que, se for o caso, é possível aproveitar a oportunidade sem se comprometer:

–Não sabia em quem votar, então voto em quem cuida dos meus dentes de quatro em quatro anos - ela explica

Semianalfabeta.
Paraibana vivendo em São Paulo há mais de 20 anos.
Filhos com ensino médio completo.
Todos com o mesmo candidato – o que está deixando a mãe banguela.

É assim. Nada muda. Com ou sem escolaridade.

Democracia em terra de povo ingênuo, ignorante, honesto, leal. E pobre.
Há que criticar a democracia ou a situação do povo?

Lembro Chico e Vinícius
...
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar.

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