domingo, 3 de outubro de 2010

Cala-te boca

“Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim...” 

Na voz de Gal Costa, Folhetim, de Chico Buarque de Holanda, tem significado bem diferente da fórmula para a estabilidade matrimonial registrada em livro pela dona de casa americana Laura Doyle. 

Atenção: a fórmula da moça não é em favor da felicidade, da cumplicidade, do companheirismo; mas da estabilidade, da firmeza. E é simples: a mulher deve sempre dizer sim. Não deve discutir. Se quiser tranquilidade, deixará por conta do marido a direção do carro e do controle remoto da televisão. 

"Se ele perguntar sua opinião sobre alguma coisa, diga que ele é quem sabe. Isso aumentará sua autoestima", ensina no livro Surrended Wife, best seller do New York Times (há um livro seu traduzido para o português, com o título sugestivo Sim, querido). "A mulher pode ser uma lutadora forte e independente no trabalho, mas no lar deve admitir suas fraquezas, mostrar-se frágil e permitir que o marido assuma o comando. Casamento é como uma dança de salão: o homem dirige e a mulher acompanha."

Laura casou-se aos 22 anos. Dois anos depois estava à beira do divórcio. Achava que seu marido não era ambicioso no trabalho, que não sabia vestir-se, que dirigia mal. Em casa, ele passava horas na frente da televisão. Os dois não conversavam, não saíam juntos e raramente faziam sexo. Então ela resolveu elaborar sua chave para a harmonia. 


"A primeira coisa que fiz foi fechar a boca. Não foi fácil, mas fez uma enorme diferença. Depois descobri que se mostrasse confiança em meu marido, ele me daria o melhor de si. Os resultados foram rápidos e radicais. Enquanto eu mudava, ele se transformava no par perfeito."

O truque para evitar o divórcio é recomendado a mulheres que se casaram com homens de que gostavam, que respeitavam, e que passaram a lhes parecer desprezíveis. Também para as excessivamente controladoras, que não conseguem parar de corrigir ou ensinar seus maridos. 


Geoff Scobie, professor de psicologia da Universidade de Glasgow, concorda com as ideias da dona de casa que se tornou escritora. "Nossa sociedade produziu mulheres muito masculinizadas", diz. Segundo ele, as mulheres têm de voltar a cultivar a feminilidade.

Recentemente soube que o casamento de Laura Doyle andou estremecido... Talvez porque ela tenha ganhado um dinheirão com a publicação do livro e alcançado destaque maior do que o de seu marido, cujo nome é desconhecido... De todo modo, algumas das suas propostas (poucas, é verdade) são até razoáveis:

  • Deixe de tentar controlar seu marido. Comprando suas roupas, cuidando de sua alimentação e dizendo como deve se comportar, você será como uma mãe para ele. Isso esfria o romance.
  • Respeite o que ele pensa. Mesmo que você esteja certa de alguma coisa, tem de admitir que existam maneiras diferentes de ver as coisas e de resolver problemas. 
  • Preocupe-se apenas com sua própria felicidade e confie em seu marido no que diz respeito à felicidade dele. 
  • Admita que você é vulnerável. A mulher não tem de ser sempre forte e infalível.
Esta é uma versão de texto publicado na revista Veja quase dez anos atrás - http://veja.abril.com.br/240101/p_072.html
Para saber mais, visite o site www.surrenderedwife.com
Partes do livro Surrended Wife estão disponíveis no Google Books - http://books.google.com.br/books?id=BGPba6cyqmcC&printsec=frontcover&dq=%22laura+doyle%22+surrended+wife&hl=pt-BR&ei=6DKpTNKvM8Tflgf_nvjEDA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCoQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false

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