terça-feira, 5 de outubro de 2010

Dança com Lobos

Seatle, 1990. Visita de jornalistas brasileiros a convite da Boeing, fabricante de aviões. 

A cidade linda, os Twin Peaks tão próximos, água por todo lado, a doce lembrança da série de TV As Noivas Chegaram, e a fábrica impressionante... Enfim, muitas coisas aprendidas.

 
Por aqueles tempos acabara de estrear Dança com Lobos, primeiro filme de Kevin Costner como diretor. Sinopse: Durante a Guerra Civil, um jovem soldado escolhe servir no Oeste americano, numa área onde ainda havia forte predominância do povo Sioux. Com o tempo, assimila os costumes dos nativos  e defende seus interesses contra os dos brancos colonizadores.

Jantar de despedida. Jornalistas do Brasil e executivos da Boeing em uma grande mesa redonda. 

Conversa entre a esposa de um executivo, professora primária e mãe de dois garotos, e uma jornalista sentada do lado oposto da mesa.

– O que você acha de índios?

– Acho muito interessantes. Os do Brasil são muito diferentes dos que vi em Seatle, não apenas em termos culturais, mas porque nos Estados Unidos os índios parecem gozar de benefícios com os quais os brasileiros sequer sonham.

– Você já ouviu falar do filme Dança com Lobos?

– Sim, claro, assisti e gostei muito!

– Como assistiu? O filme acaba de ser lançado! Então o Brasil é um país com público que interessa à indústria do cinema?

– Pra você ver... Nem temos mais cobras cruzando as avenidas das cidades brasileiras!

– Nós aqui não gostamos de índios. Têm vantagens demais. São vagabundos e bêbados. E como são donos da terra onde foi construída a cidade de Seatle, a população tem de pagar impostos a eles! Aliás, também não gostamos do filme. Faz parecer que somos monstros quando na verdade somos vítimas!

Silêncio. Alguém levanta a taça e propõe um brinde:

– Ao sucesso do nosso encontro!
Tears!

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