sábado, 21 de agosto de 2010

Gente boa I

Não era uma mulher comum.

Como qualquer garota, cresceu brincando; como outras moças, teve muitas amigas, foi a festas, namorou.

Casou e teve quatro filhos. Marido ausente, trabalhava para manter a casa, educar as crianças, ter um tempinho para conversar com as plantas do jardim, e ainda ajudar vizinhos e conhecidos.

Tentava ensinar filhos e netos com seu exemplo. Nunca foi de passar sermão. Era de fazer. E de conversar manso.

Nunca conheci pessoa melhor. Boa. Mesmo. Maria era seu nome.

Uma vez a vi na rua, cabelos brancos enrolados num coque, saia comprida. Passou por ela um menino sujo, com o nariz escorrendo. Maria segurou a ponta da saia, limpou o rosto do garoto, conversou com ele, os dois sentados no meio fio. Então o menino seguiu para um lado e ela para outro.

Simples rotina.

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